Arquivo das imagens não vistas – habitar

dias de Marvila 2024

A Camera obscura é um fenómeno ótico muito simples de criar, que permite que o cenário do exterior se projete como uma imagem invertida, no interior. 

Observação de um eclipse solar numa camera obscura. Ilustração de Gemma Frisius no seu livro De radio astronomica et geometrico, 1545

Biblioteca das Imagens Não Vistas, Azinhaga dos Alfinetes, Marvila, outubro 2024

Biblioteca das Imagens Não Vistas é um projeto do atelier Imagerie – Casa de Imagens a decorrer desde 2019. No âmbito deste projeto exploram-se questões como a fotografia enquanto prática contemporânea e as suas possibilidades, e o património fotográfico como elemento identitário fundamental para as comunidades. Deste projeto, nasceu o Arquivo das Imagens Não Vistas, um arquivo enquanto forma de arte, que questiona a relação das pessoas com o seu território.

O verbo habitar tem inúmeras valências, e relaciona-se com fatores emocionais e comunitários, com um forte enraizamento no cruzamento das noções de tempo e espaço.

Desde as habitações privadas onde coabitam núcleos familiares até aos espaços públicos partilhados com a comunidade, o tempo delineia e transforma simultânea e bidirecionalmente pessoas e lugares.

A fotografia é uma ferramenta que desde sempre participou no desenvolvimento e consolidação destas relações, seja como instrumento de construção de memórias, ou como mecanismo de instigação de pensamento crítico.

Neste projeto pretende-se desenvolver com a comunidade de Marvila uma parceria que promova a reflexão sobre o habitar, lugares públicos, privados, emocionais e comunitários. A ferramenta utilizada – a camera obscura – permite desenvolver uma relação tripartida entre pessoas, tempo e espaço.

Na comunidade, foram convidadas a participar pessoas e instituições, cujos espaços e casas se transformaram em cameras obscuras, refletindo sobre a relação entre o espaço privado e/ou interior e a paisagem que estes habitam, permitindo que numa mesma imagem ambos se cruzassem.